NOTÍCIAS / POLÍTICA – LULA NA CASA CIVIL
Planalto confirmou
informação na tarde desta quarta-feira; Jaques Wagner deixa a pasta e assume a
chefia do gabinete
ÚLTIMO SEGUNDO
Investigado
por envolvimento ilícito com empreiteiras condenadas na Operação Lava Jato,
Luiz Inácio Lula da Silva aceitou o convite de Dilma Rousseff para integrar
o governo federal após reunião realizada na manhã desta quarta-feira (16),
no Palácio da Alvorada. Em nota, a informação de que o ex-presidente é o novo
ministro da Casa Civil foi confirmada nesta tarde pelo Planalto.
Adonis Guerra/ SMABC - 13.03.16
O ex-presidente Lula acena para simpatizantes da sacada de seu apartamento, no domingo
|
Inicialmente
cotado para substituir Ricardo Berzoini na Secretaria de Governo da
Presidência, o ex-presidente assume o posto até então ocupado por Jaques
Wagner, que agora irá comandar a chefia do gabinete.
O
comunicado divulgado pelo Planalto também informa que o cargo de ministro da
Secretaria de Aviação Civil será deixado por Guilherme Walder Mora Ramalho
e comandado pelo deputado federal Mauro Ribeiro Lopes. "A presidente da
República presta homenagem e agradecimento ao dr. Guilherme Walder Mora Ramalho
pela sua dedicação", diz a nota.
Com
o novo cargo, o ex-presidente passa a contar com foro privilegiado na
Justiça, o que impede que ele seja julgado por qualquer instância judicial que
não seja o Supremo Tribunal Federal. Assim, não cabe mais ao juiz federal
Sérgio Moro, o mesmo que autorizou a obrigatoriedade de seu depoimento e o
maior símbolo da Operação Lava Jato, o julgamento dos supostos crimes dos quais
é acusado.
A
decisão vem menos de duas semanas após Lula ter se visto no centro das
investigações da força-tarefa que investiga esquema de propina instalado dentro
da Petrobras, que culminou com uma condução coercitiva – quando o suspeito é
forçado a prestar depoimento – contra o ex-presidente à Polícia Federal.
A
investigação sobre Lula levou a um acirramento dos ânimos entre grupos
defensores e contrários ao governo Dilma. No dia da condução coercitiva, em 4
de março, protestos se espalharam por São Paulo e Curitiba – cidade onde a
Lava Jato está concentrada – e levaram movimentos antagônicos a atos de
violência. O temor de conflitos em protestos se tornou uma realidade e foi a
tônica dos discursos de Dilma e seus ministros ao longo da semana.
Os
ânimos ficaram ainda mais acirrados na quinta-feira (10), após o Ministério
Público pedir a prisão preventiva de Lula – rejeitada pela Justiça, que
repassou a análise do pedido a Sérgio Moro. E impulsionou os atos contra a
Dilma e o PT, os maiores já realizados na história do País, ocorridos no último
domingo.
Renato Ribeiro Silva/Futura Press - 13.03.2016
O boneco que foi batizado de Pixuleco, que mostra Lula coo presidiário, em ato no domingo
|
Longa negociação
A
reunião, iniciada por volta das 9h, foi longa. Só após mais de sete horas de
negociação direta com a presidente Dilma Rousseff, Lula optou por aceitar assumir
a Casa Civil no lugar de Jaques Wagner, cargo que ocupava desde outubro
passado. Ele, que deixou a reunião no Alvorada e seguiu para Salvador para
celebrar o seu aniversário, irá assumir a chefia do gabinete pessoal de Dilma.
Desde
que tiveram início os rumores sobre Lula integrar o governo Dilma, a Casa Civil
foi apontada como a principal alternativa para que o ex-presidente
integrasse o governo. O ministério de Dilma passará por uma pequena
reforma com o ingresso do maior símbolo do PT, mas ainda não são conhecidos os
detalhes das mudanças.
Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
Lula acena ao lado de Dilma e de sua mulher, Marisa, um dia após depoimento forçado
|
Dúvidas
Lula
amanheceu o dia, depois da reunião de quatro horas e meia de ontem à noite com
a presidente Dilma Rousseff, ainda muito reticente a assumir um cargo no
Planalto. "Lula está em uma dúvida atroz. Ele está com muitas dúvidas
sérias", reconheceram interlocutores do ex-presidente. Apesar disso, todos
os integrantes do núcleo de articulação política do governo tentavam
convencê-lo para dizer "sim".
O
apelo da presidente Dilma a Lula foi "dramático", atestam fontes do
Planalto. A alegação da chefe do Poder Executivo é de que a presença do
ex-presidente na equipe seria uma espécie de "bala de prata" de
sua gestão. Também participaram da reunião os ministros da Fazenda, Nelson
Barbosa, e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.
ANDRESSA ANHOLETE/FRAMEPHOTO - 3.3.16
O ex-governador da Bahia Jaques Wagner, que deixa Ministério da Casa Civil para dar lugar a Lula
|
O
ministro Aloizio Mercadante, da Educação, protagonista do último problema
enfrentado por Dilma por conta da delação premiada do senador Delcidio Amaral,
chegou cedo ao Alvorada, mas não participou da mesma reunião de Dilma e Lula.
Em
sua página no Twitter, o líder do governo na Câmara, José Guimarães,
escreveu: "Ministro (Jaques) Wagner, no dia do seu aniversário, mostra
grandeza e desprendimento ao deixar a Casa Civil! Lula novo ministro da pasta!"
0 comentários:
Postar um comentário