ESPORTE / NOTÍCIAS – FIFA
Quatro dias após ser reeleito para um quinto mandato
como presidente da Fifa, Joseph Blatter renunciou ao cargo, nesta terça-feira.
Ele convocou o Comitê Executivo de forma extraordinária para escolher um novo
mandatário.
"Vou continuar a exercer
minha função como presidente até um novo ser escolhido. O próximo congresso
demoraria muito. Esse procedimento será de acordo com os estatutos",
afirmou o dirigente suíço, desde 1998 à frente da Fifa.
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Blatter disse que não estava com o apoio necessário
para seguir como presidente do órgão mais importante do futebol mundial. Assim,
o comitê executivo extraordinário será convocado entre dezembro deste ano e
março do próximo para a escolha do novo mandatário.
A entidade caiu em descrédito na última quarta-feira,
dois dias antes da eleição presidencial, quando sete membros do
comitê executivo foram presos acusados de corrupção. Muitas
federações pediram o adiamento do pleito, o que não aconteceu.
Blatter acabou vencendo o
único candidato de oposição, o príncipe da Jordânia Ali bin
Al-Hussein, depois de a eleição não ter acabado no primeiro turno e o
adversário ter desistido de uma nova rodada de votação.
O suíço afirmou que as prisões
ajudavam a limpar a Fifa, mas na última segunda-feira seu principal
braço-direito, Jerome Valcke, foi acusado de ter dado autorização para que 10
milhões de dólares de um fundo da Associação de Futebol da África do Sul (Safa)
fossem para o vice-presidente da Concacaf, Jack Warner, um dos detidos pelo
caso de corrupção revelado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Curiosidade: após conquistar seu
quinto mandato para a presidência da Fifa, Joseph Blatter foi questionado se
pensou em renunciar ao cargo. A resposta: "Por que deveria renunciar? Isso
seria como reconhecer que fiz algo ruim".
Leia abaixo a íntegra do discurso de renúncia de
Joseph Blatter
Eu tenho refletido
profundamente sobre minha presidência e sobre os 40 anos nos quais minha vida
tem estado inseparavelmente ligada à Fifa e ao grande esporte do futebol. Eu
cuido da Fifa mais do que qualquer coisa e quero fazer apenas o que for melhor
para a Fifa e para o futebol. Eu me senti compelido a me candidatar à
reeleição, pois eu acredito que essa era a melhor coisa para a organização.
Essas eleições acabaram, mas os desafios da Fifa, não. A Fifa precisa de uma
inspeção profunda. Apesar de eu ter um mandato dos filiados da Fifa, eu não
sinto que tenha um mandato para o mundo inteiro do futebol - os torcedores, os
jogadores, os clubes, as pessoas que vivem, respiram e amam futebol tanto
quanto nós todos na Fifa. Por isso, eu decidi entregar meu mandato para o
congresso de eleição extraordinário. Eu continuarei a exercer minhas funções
como presidente da Fifa antes dessa eleição.
O
próximo Congresso acontecerá em 13 de maio de 2016 na Cidade do México. Isso
poderia criar um atraso desnecessário, e eu acelerarei o Comitê Executivo para
organizar um Congresso Extraordinário para a eleição de meu sucessor na
oportunidade mais breve. Isso precisará ser feito de acordo com os estatutos da
Fifa, e nós devemos permitir o tempo suficiente aos melhores candidatos para se
apresentarem e fazerem campanha. Como eu não serei um candidato - e estou,
portanto, agora livre das restrições que as eleições inevitavelmente impõem -,
serei capaz de me concentrar na condução de longo alcance, reformas
fundamentais que transcendem os nossos esforços anteriores.
Por
anos, nós trabalhamos duro para colocar em prática reformas administrativas,
mas está claro para mim que enquanto isso deve continuar, eles não são o
bastante. O Comitê Executivo inclui representantes de confederações nas quais
nós não temos controle, mas para essas ações a Fifa é responsável. Nós
precisamos de mudança estrutural nas raízes mais profundas. O tamanho do Comitê
Executivo deve ser reduzido, e seus membros devem ser eleitos através do
Congresso da Fifa. As verificações de integridade para todos os membros do
Comitê Executivo devem ser organizadas centralmente através da Fifa e não
através das confederações. Nós precisamos limitar reeleições não apenas para o
presidente, mas para todos os membros do Comitê Executivo. Eu lutei por essas
mudanças antes e, como todos sabem, meus esforços foram bloqueados. Desta vez,
eu vou conseguir. Eu não posso fazer isso sozinho.
Eu
pedi a Domenico Scala para dirigir a introdução e a implementação de essas e
outras medidas. Sr. Scala é o presidente independente de nosso Comitê de
Auditoria eleito pelo Congresso da Fifa. Ele é também o presidente do comitê
eleitoral e, assim, ele organizará a eleição do meu sucessor. Sr. Scala goza da
confiança de uma grande quantidade de constituintes dentro e fora da Fifa e tem
todo o conhecimento e experiência necessários para ajudar a fazer essas
reformas maiores. É meu profundo carinho pela FIFA e pelos seus interesses, o
que eu apoio candidamente, que me levou a tomar esta decisão. Eu gostaria de
agradecer àqueles que sempre me apoiaram de uma maneira construtiva e leal como
presidente da Fifa e que fizeram muito pelo jogo que nós todos amamos. O que
importa para mim mais do que qualquer coisa é que quando tudo isso acabar, o futebol
é o vencedor.
FONTE: ESPN
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