NOTÍCIAS / ELEIÇÃO 2014
Em 1ª fala pós-reeleição, Dilma nega
divisão e diz estar aberta ao diálogo
Leandro Prazeres
Do UOL, em Brasília
Do UOL, em Brasília
A presidente reeleita Dilma Rousseff discursa para militância durante comemoração do resultado das eleições presidenciais, em Brasilia, neste domingo (26) |
Após vencer a eleição presidencial mais disputada da
história brasileira, a
presidente reeleita Dilma Rousseff (PT), pregou diálogo,
pediu união aos brasileiros e disse não acreditar que o país tenha saído
dividido das eleições. A exemplo do que ocorreu após os protestos de junho de
2013, Dilma voltou a falar em plebiscito pela reforma política.
Dilma teve
51,64% dos votos contra 48,36% de Aécio Neves (PSDB). "Conclamo
sem exceção a todas as brasileiras e a todos os brasileiros para nos unirmos em
favor do futuro de nossa pátria de nosso país, de nosso povo", disse
Dilma.
Dilma fez
seu discurso em um hotel de Brasília, ao lado o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, do vice-presidente reeleito, Michel Temer, e de presidentes dos
partidos de sua coligação.
O agradecimento a Lula marcou o
início do discurso de Dilma. "Começo saudando o presidente Lula",
disse a candidata reeleita do PT, para em seguida puxar um coro de
""Olê, olê, olê, olá/Lula/Lula", para logo depois denominar Lula
o 'militante número 1 das causas do povo'.
"País dividido"
A presidente reeleita disse não
acreditar que o Brasil esteja dividido após as eleições.
"Não acredito, sinceramente, do
fundo do meu coração, não acredito que essas eleições tenham dividido o país ao
meio. Entendendo, sim, que elas mobilizaram ideias, emoções às vezes
contraditórias, mas movidas por um sentimento comum, a busca de um futuro
melhor para o país", afirmou a presidente.
Ao dizer que "essa presidenta aqui está aberta ao
diálogo", a presidente afirmou saber que "uma reeleição é um voto de
esperança na melhoria de um governo".
A pequena margem de votos que garantiu sua vitória também
foi assunto de seu discurso: "Algumas vezes na história, resultados mais
apertados [em eleições] produziram mudanças mais rápidas que vitórias amplas, e
é essa a minha certeza do que vai acontecer no Brasil a partir de agora".
Dilma disse esperar que a "energia" liberada
durante as eleições possa ser canalizada para a realização das mudanças que a
população espera.
"Em lugar de ampliar divergências, de criar um fosso,
tenho forte esperança de que a energia mobilizadora tenha preparado um bom
terreno para a construção de pontes. O calor liberado no fragor da disputa pode
e deve agora ser transformado em energia construtiva de um novo momento no
Brasil", afirmou.
Reforma política e plebiscito
Dilma disse estar comprometida com a reforma política.
"Quero deflagrar essa reforma que é responsabilidade constitucional do
Congresso e que deve mobilizar a sociedade num plebsicito por meio de uma
consulta popular", afirmou. Dilma disse que a medida visa encontrar
legitimidade para encaminhar a reforma.
"Nós vamos encontrar a força e alegitimidade nesse
momento de transforçaõ para levarmos a reforma política. Quero discutir esse
tema prorundamente com o novo Congresso Nacional e com toda a população
brasileira", disse a presidente.
Presidente deve enfrentar problemas
no segundo mandato
Apesar do resultado positivo, o PT terá problemas a partir
de 2015. As bancadas do PT e do PMDB no Congresso, principais partidos da
coalizão que dá suporte ao governo, encolheram.
O resultado das urnas nos Estados também fez com que sinal
de alerta petista soasse.
Em São
Paulo, berço político do partido, Aécio Neves (PSDB)
teve 64,2% dos votos enquanto Dilma obteve apenas 35,7%. Na região Sul, Dilma
perdeu em todos os três Estados - a maior derrota dela no país foi em Santa
Catarina, onde Aécio teve 64,59% dos votos, e a petista, 35,41%.
Em Minas
Gerais, no entanto, Dilma repetiu a vitória
sobre o tucano obtida no primeiro turno. No segundo
turno, Dilma obteve 52,4% dos votos, e Aécio Neves, que governou
o Estado por dois mandatos, teve 47,59% dos votos.
Uma das maiores surpresas dessas
eleições foi a votação esmagadora que Dilma Rousseff (PT) teve em Pernambuco. Dilma obteve 70,2% dos votos e Aécio, 29,8%.
Pernambuco havia sido o único Estado do Nordeste onde Dilma não havia vencido.
Tragédia, reviravoltas e ataques
As eleições presidenciais deste ano
foram marcadas por tragédias e reviravoltas. No dia 13 de agosto, o então candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos,
morreu em um acidente de avião. Marina Silva, vice em sua
chapa, assumiu a candidatura e mudou o cenário político.
Ela chegou a liderar as pesquisas de intenção de voto, mas
viu sua popularidade cair após uma campanha de ataques feita, principalmente,
pela campanha de Dilma Rousseff (PT).
Na véspera das eleições, Aécio Neves (PSDB), que passou
boa parte do primeiro turno na terceira posição de acordo com os principais
institutos de pesquisa, 'virou o jogo' e superou Marina Silva conquistando
33,55 dos votos. Dilma obteve 41,59% e Marina Silva, 21,32%.
No segundo turno, Aécio conseguiu o apoio de Marina Silva
e passou a a aparecer em primeiro lugar nas pesquisas de inteção de voto.
Um dos episódios mais importantes do
segundo turno foi o debate realizado pelo UOL, SBT e Jovem Pan, no dia 16 de
outubro, quando os dois candidatos trocaram acusações pessoais e Aécio Neves
chegou a chamar a candidata petista de 'leviana e 'mentirosa'.
Aécio, que liderava as intenções de voto, segundo o Datafolha,
foi ultrapassado por Dilma.
A intensidade dos ataques entre os dois candidatos fez com
que o TSE interviesse e impedisse a veiculação de propagandas das duas
candidaturas.
FONTE:
UOL.COM
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