A falta de programação no na orla marítima de São Luís e o aumento da violência fizeram com que famílias e aventureiros desistissem dos acampamentos provisórios nos morros, dunas e na faixa de areia das praias da capital maranhense. O colorido das barracas de camping, que antes povoavam locais como Avenida Litorânea, Olho d’Água e Araçagi, praticamente não existe mais.
Acampamento montado por surfistas é o único que ainda sobrevive nas praias de São Luis (Foto: Francisco Silva) |
O Acampamento do Surf, montado há 23 anos, na praia do Olho d’Água, parece ser o único que resistiu, apesar da falta de programação na área. O surfista Gilberto Aquino, de 35 anos, contou que todos os anos, mais de 20 famílias se confraternizam, no acampamento montado naquela praia. “Para o nosso grupo, que reúne a galera do surf, skateboard, bodyboard, além de moradores do Olho d’Água, se tornou uma tradição. Apesar da falta de uma programação específica para as praias, o nosso objetivo é estarmos juntos durante as festividades do final de ano, estreitando ainda mais os nossos laços de amizades. Aqui temos tudo, barracas, tendas, cozinha improvisada, nosso som e muito amor no coração. Porém, acredito que a ausência dessas festividades foi um dos fatores para a extinção dos inúmeros acampamentos que costumávamos presenciar nas praias. No Olho d’Água, restou somente o nosso”, afirmou.
Palco montado na Lagoa da Jansen para o réveillon do Governo do Estado (Foto: Francisco Silva) |
A professora Patrícia Farias, de 37 anos, natural de Manaus, que reside há mais 15 anos no Maranhão, contou que além da falta de programação na orla, que pode deixar o local um pouco mais deserto e propício às ações criminosas, tem ainda os pacotes atrativos de hotéis e pousadas, o que torna os acampamentos algo ultrapassado e desconfortável. “Já fui de montar a barraca na praia com os amigos e curtir o réveillon, mas confesso que além do trabalho que tínhamos para preparar toda a logística, tinha ainda o desconforto de dormir mal e estar o tempo todo suja de areia. Eu gostava muito pelas agradáveis companhias dos amigos e da vasta programação que era exibida na Litorânea, e como a grana era curta, a galera se reunia e além de curtir os shows em um “camarote” improvisado, ainda tínhamos a belíssima vista para o mar e tudo de graça. Mas, com a mudança da programação cultural para a Lagoa, e os pacotes dos hotéis com bebidas, comidas e atrações nacionais, fica bem difícil querer montar uma barraca no meio do mato”, afirmou.
O técnico em mecânica Allison Mendes, de 33 anos, contou que é do interior do estado, mas há muito anos acompanha a chegada do ano novo em São Luís. Ele comentou que, apesar de nunca ter acampado, acredita ser a violência um dos pontos que contribuíram para a extinção da prática, além da falta de programação cultural na orla. “Sem os shows no réveillon, as praias ficam sem charme e servem apenas para curar a ressaca no dia seguinte. Já estive em Fortaleza, por exemplo, durante o fim de ano, e lá as pessoas começam a montar suas barracas na areia dois dias antes da passagem do ano. Porém, a programação é surreal e para os mais diversos gostos. Em São Luís, já tivemos uma época assim, mas hoje, as pessoas têm medo de sair de casa para dormir em acampamentos e serem vítimas de violência, afinal, sem as festas as praias acabam se tornando ermas”, disse ele.
Réveillon na Lagoa - Alcione, Bicho Terra, Latino e a dupla César Menotti e Fabiano animarão o “Show da Virada”, promovido pelo governo do Estado, a partir das 19h de hoje (31), na Lagoa da Jansen. O local contará com uma estrutura que inclui dois palcos, paredões de led, área com acessibilidade para cadeirantes e idosos, arquibancada, banheiros químicos, piso da área de plateia emborrachado, além de segurança reforçada, plantão na área de saúde e um grande show pirotécnico à meia-noite.
FONTE: JORNAL PEQUENO
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